Ouvida a sós, a música vai mais direto à alma e, como não há interferência, a imaginação fica mais livre para voar. Ouvindo junto de outra pessoa, aí você tem um companheiro, uma companheira ou cúmplice com quem partilhar a música. No entanto, nada se compara à música que se ouve em grupo, porque aí as reações se dão em cadeia. Cada um tem sua própria história de experiências que se soma às histórias e às experiências dos demais e todos estão ali porque saíram em busca da alegria ou para compartilhar com os outros a alegria que já trazem dentro de si.
Isto é a magia da música. O espetáculo pode terminar, mas aquela música continua tocando nas cabeças e nos corações por muito tempo, às vezes por anos ou para sempre. Na verdade, ela fica gravada na memória das pessoas. É por isso que, como um ícone em que se clica, a cada vez que aquela música é tocada, a memória é “chamada” e todo aquele espetáculo se faz novamente presente, replicando a mesma alegria, a mesma vibração e o mesmo êxtase.
A música nova, ainda que seja nova somente para nós, é virgem. Ainda não foi relacionada a situações, porque acaba de nascer e começa a irrigar o momento presente, que é bom e belo. Assim, hoje ela pode ser fruída e saboreada em si mesma, sem associações. Daqui a algum tempo, quando ouvirmos aquela música que ouvirmos hoje pela primeira vez, algumas associações poderão estar estabelecidas. Então, vamos nos recordar de um tempo em que éramos felizes, sim, mas estávamos bem conscientes dessa felicidade que, afinal, continua, porque, a exemplo do tempo, a música também não pára, e, no entanto, ela nunca envelhece.